Encerrada a Conferência do Clima da ONU (COP30), realizada de 10 a 21 de novembro, em Belém, especialistas e entidades do setor agropecuário apontam a saúde animal como um dos principais consensos para o avanço da sustentabilidade na produção de proteínas de origem animal.
Definida como a “COP da implementação”, a conferência marcou a primeira inclusão formal da saúde animal nas negociações climáticas. O tema deixou de ser tratado apenas como questão sanitária e passou a ser reconhecido como ferramenta estratégica para a redução de emissões, o aumento da eficiência produtiva e o reforço da segurança alimentar.
“Animais saudáveis produzem mais e melhor, com menor desperdício e menor impacto ambiental”, afirma Luiz Monteiro, Diretor Técnico do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan), que liderou a articulação das indústrias brasileiras ao lado da Health for Animals, entidade global que representa o setor de saúde animal e esteve presente no evento.
O posicionamento sobre a pecuária mostrou mudança em relação a edições anteriores da conferência. Diferentemente de anos recentes, quando parte dos grupos defendia a redução do consumo de carne e leite, a maioria das delegações agora prioriza o aprimoramento dos sistemas produtivos existentes.
Dois eventos paralelos oficiais reforçaram essa visão. Na sessão “O Ato de Equilíbrio da Pecuária”, coorganizada por Health for Animals, Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Environmental Defense Fund (EDF), International Livestock Research Institute (ILRI), Danone e Global Dairy Platform, os participantes destacaram a saúde animal como eixo central para conciliar produção de alimentos, renda rural e proteção climática.
Já o painel “Saúde Animal como Solução de Triplo Ganho”, realizado em parceria com a Global Roundtable for Sustainable Beef (GRSB), reuniu representantes da Action for Animal Health, EDF e World Farmers Organization (WFO). O encontro resultou no fortalecimento de parcerias e no planejamento de novas iniciativas conjuntas.
Com o impasse entre governos na negociação do texto final da COP30, organizações e empresas têm recorrido cada vez mais ao setor privado para viabilizar resultados concretos. Ganham espaço colaborações em saúde animal, inovação regulatória e acesso a tecnologias.
Para o setor, a abordagem ampla da sustentabilidade — ambiental, econômica e social — cria condições para avançar pautas como a modernização de marcos regulatórios e o estímulo à inovação em vacinas, medicamentos e diagnósticos veterinários.
“Passada a fase dos compromissos, chegou a hora das entregas. A saúde animal é uma das poucas áreas em que produtores, ambientalistas, indústria e governos conseguem sentar à mesma mesa e convergir”, conclui Luiz Monteiro.